terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Luiz Bonfá em casa



Em 2006, a MCD teve a honra de lançar no Brasil o álbum Solo in Rio 1959, trabalho do violonista Luiz Bonfá editado originalmente nos Estados Unidos em 1959 sob o título O Violão de Luiz Bonfá. Com farto material extra (encarte de 30 páginas e 30 min de áudio adicional), o disco foi celebrado pela imprensa e público brasileiros. Naquela ocasião, o violonista, compositor e arranjador Dante Ozzetti escreveu um texto sobre o álbum, reproduzido abaixo.

"Luiz Bonfá é referência para violonistas e arranjadores. Tem importância fundamental na fase que antecede a bossa nova, juntamente com Tom Jobim. Consolidou o violão como instrumento que engloba cadência rítmica, harmonia sofisticada e contraponto, com referência na tradição brasileira, universalizando. Contribuiu na construção do que viria a ser a bossa nova e na sua divulgação no exterior.

Este álbum tem uma singularidade especial: descontraído, pelo repertório e pela captação sonora, temos a impressão que o violonista está tocando na nossa sala.

São deliciosos 65 minutos de violão bem executado, extremamente límpido, claro na intenção e na separação das vozes, interpretando temas de curta duração (média de dois minutos) de sua autoria, exceto “Na Baixa do Sapateiro”, de Ary Barroso, “Tenderly”, de Walter Gross e Jack Lawrwnce, e “Night and Day”, de Cole Porter.

Assim temos Luiz Bonfá por inteiro, em quatro vertentes: vemos o violonista, da escola de Garoto, Dilermando Reis e Laurindo de Almeida, utilizando-se de harmonização em bloco com melodia nítida, nos clássicos “Manhã de Carnaval”, “Pernambuco”, “Samba de Orfeu”, “Luzes do Rio”, “Chopin” e “Quebra-mar”.

Por outro lado, com a condução que separa linha de baixo e melodia, o violonista da influência da canção americana, notadamente de Barney Kessel e George Shearing, em “Night and Day”, “Tenderly”, “Shearing” e “Bonfabuloso”. A voz de Bonfá, outra raridade, está presente em “Perdido de Amor”, “Amor sem Adeus”, “Seringueiro” e “Sambolero”, todas provenientes do período pré-bossa nova.

Por último, a presença do universo particular de estudo do instrumentista, com “Marcha Escocesa”, “Fanfarre”, “Calypso Menor” e “Variações em Violão”.

Imperdivel!"

Dante Ozzetti
compositor, arranjador e violonista

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